Filosofia BBB

"29 milhões de ligações do povo brasileiro votando em algum
candidato para ser eliminado do Big Brother.
Vamos colocar o preço da ligação do
0300 a R$ 0,30. Então, teremos R$ 8.700.000,00. Isso mesmo! Oito
milhões e setecentos mil reais que o povo brasileiro gastou só nesse
paredão. Suponhamos que a Rede Globo tenha feito um contrato "fifty to
fifty" com a operadora do 0300, ou seja, ela embolsou R$ 4.350.000,00.
Repito,somente em um único paredão...".
Alguém poderia ficar indignado com a Rede Globo e a
operadora de telefonia ao saber que as classes menos letradas e abastadas da sociedade, que ganham mal e trabalham o ano inteiro, pagam o prêmio do vencedor e, claro, as contas dessas empresas.
Mas o "x" da questão, caro(a) leitor(a), não é esse.
É saber que paga-se para obter um entretenimento vazio, que em nada
colabora para a formação e o conhecimento de quem dela desfruta;
mostra só a ignorância da população, além da falta de
cultura e até vocabulário básico dos participantes e,
consequentemente, daqueles que só bebem nessa fonte.
Certa está a Rede Globo. O programa BBB dura cerca de três meses. Ou seja, o
sábio público tem ainda várias chances de gastar quanto dinheiro quiser com as votações.
Aliás, algo muito natural para quem gasta mais de oito milhões numa só noite!
~ Coisa de país rico como o nosso, claro. ~
Nem a Unicef, quando faz o programa Criança Esperança com um forte cunho social, arrecada tanto dinheiro.
Vai ver deveriam bolar um "BBB Unicef". Mas tenho
dúvidas se daria audiência.
Prova disso é que na Inglaterra pensou-se em fazer um Big Brother só com gente inteligente.
O projeto morreu na fase inicial, de testes de audiência.
A razão?
O nível das conversas diárias foi considerado muito alto, ou seja, o
público não se interessaria.
Programas como BBB existem no mundo inteiro, mas explodiram em terras tupiniquins. Um país onde o cidadão vota para eliminar um bobão (ou uma bobona) qualquer, mas não lembra em quem votou na última eleição. Que vota
numa legenda política sem jamais ter lido o programa do partido, mas que
gasta seu escasso salário num programa que acredita de extrema utilidade
para o seu desenvolvimento pessoal e, que não perde um capítulo
sequer do BBB para estar bem informado na hora de PAGAR pelo seu voto. Que
eleitor é esse?
Depois não adianta dizer que político é ladrão, corrupto, safado, etc. Quem os colocou lá? Claro, o mesmo eleitor do BBB. Aí, agüente a vitória de um Severino
não-sei-das-quantas para Presidente da Câmara dos Deputados e a cara
de pau, digo, a grande idéia dele de colocar em votação um
aumento salarial absurdo a ser pago pelo contribuinte.
Mas o contribuinte não deve ligar mesmo, ele tem condições
financeiras de juntar R$ 8 milhões em uma única noite para se
divertir (?!), ao invés de comprar um livro de literatura, filosofia ou de
qualquer assunto relevante para melhorar a articulação e a
autocrítica... Chega de buscar explicações sociais, coloniais,
educacionais. Chega de culpar a elite, os políticos, o Congresso.
Olhemos para o nosso próprio umbigo, ou o do Brasil. Chega de procurar
desculpas quando a resposta está em nós mesmos. A Rede Globo sabe
muito bem disso, os autores das músicas Egüinha Pocotó, O Bonde
do Tigrão e assemelhadas sabem muito bem disso; o Gugu e o Faustão
também; os gurus e xamãs da auto-ajuda idem.
Não é maldade nem desabafo, é constatação."

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